quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Sacrifício

Lá estava ela
A beira do altar
Pregos enferrujados a prendiam
Ela tentava gritar...
Sem língua não conseguia
Escorria o sangue puro
E... Em algum lugar

Alguém sorria.

Amor não é real

- O Amor não é real
Gritaram os povos
Falou o profeta no final
Vinho fez do sangue mortal
Nascido de olhos azuis
Carregava o peso
Grande fardo

- Não faz sentido
Gritou o esperançoso
- Verme torpe
Vulgares palavras
Despejadas no profeta do fim
Mas ele nada via
E ao final...

Ali ele estava
Vestido de vermelho
Sangue das virgens
Que não existiam mais 

Vestido

Com sua luxuria
Despida, nua, crua.
Toque minha pele
Deseje-me, me vista.
Cubra meu corpo
Observe-me nascer
Como uma crisálida
Desabrochar em ti
Como uma flor primaveril
Doce perfume de pecado

Suave, sublime, marcado.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Manhã de sábado

Pego um livro, bom amigo 
Olho o mundo noutros olhos 
Acendo um incenso sinto a vida 
Não me esqueço do que vi
Doce e a vida, solidão
Onde não habita um coração
Nem o mundo, nem o tempo
Nem você, nem ninguém
Olhos vendados, mentiras ditas
Malditas, malditas
Amo a dor e o silêncio,
A solidão e meu veneno
Meu placebo, meu destino.
Maicon Do Vale 

NIHIL I

Escrevo essas tortas linhas 
Esperando sozinho por um fim
Nada faz sentido, nem para você 
Nem para mim.

Nihil II

Vazio, me afundo em pensamentos
Futilidade, nessa cidade tudo é vago
Dor, me corta, me corto, me afogo
Grito, saí, saí, saí,,, demônio que invoco
Me observam, me julgam, me temem
Sou retrato
Sou você
Reflexo
Vidros pelo chão, sangue, feio
Tudo é feio
nada é você
tudo sou eu
Doí
Camisa de força, me debato
Seringas, agulhas, veneno
placebo, cura.
Vazio novamente
Resistir não faz sentido.

Nihil III

Destino por dentre os medos das criaturas rebeldes
caminhando sem rumo em direção ao vazio 
Me odeio, te odeio, somos nada, irrelevantes
Sem sentido é o caminho que percorremos desde o incio
meio, fim, frívolo, fútil, suas unhas me estraçalham
somos escravos do prazer pois não vemos sentido em mais nada

Nihil IV

Olhai, a frente está o destino
Tudo é irrelevante, efémero como a chama da vida
Isso que foi dito, nada estava escrito
paginas queimadas de uma bíblia maldita
Me afogava em meu próprio vômito a cada sonho
podridão por onde eu passava
Caminhei pelos ermos de minha alma
em busca de respostas inúteis
a cada seringa uma resposta
a cada resposta mil duvidas
Na água não tenho reflexo
apenas seu nome escrito a sangue
na parede do banheiro
Meu sangue, meu corpo
meu martírio

Nihil VI - destruição da imagem


Nosso protagonista, nosso ego
Não era nada, nem ninguém
Perdido entre o ser e não ser
Não tinha face, não ligava mais
Não via a luz, não sentia prazer
Não pensava na vida nem queria morrer
Era vazio, era blasé, não estava aqui
Nem para mim, nem para você
Certa vez ele se olhou
Encontrou a resposta para dúvidas
Vendo que não tinha face
Não era ninguém a não ser ele mesmo
.

Olhares

Olhares que se cruzam
se encontram em um quadro
e se cruzam pelos rostos 
daqueles que não sabem
que haviam se encontrado

Nihil, o final.

Então tudo era vazio, clamou o poeta
Ele procurava razoes, não encontrava
Não era feliz, nem triste
Imagem despedaçada, era vazio
Pensara em se matar, nem isso valia a pena
Ele fechou os olhos, o abismo retornou o olhar
E agora o que fazer, escolhera viver
Destruíra toda sua fé, não existia saída
Ele foi à floresta, abraçou seu destino
Encontrou-se perdido, achou o caminho
Estava vivo. Era a vida. Era vazio
Caminho, esguio, sem fim
Fazia frio...
Muito frio...
Depois de sua jornada, reconstrução
O vazio tomava forma, era agora tangível
Voltara para a selva, vira o palhaço, sentira o cheiro do ópio
Ajoelhou-se o palhaço sorriu... E se fora do mundo dos vivos
Entrou em seu apartamento
Acendeu um cigarro
Bom amigo de outras eras
Não que isso fizesse diferença
Mas sim, apenas porque quis
E foi feliz

Um poema Simples

Fechei os olhos para não ver o passar das horas
Cálidas, singelas, sublimes e tão belas
Um sorriso doce me trazia lembranças de infância
Tantas quantas se podem imaginar
Como gotas iluminavam minha face
E levavam embora o desgaste
De uma vida sofrida
Regrada
Perdida
Hoje sentado na varanda
Seguro um livro e uma caneca
Observo a superfície do lago
E te vejo...

Deixando o Sol para trás.

A luz do sol bate em minhas costas
Vejo a frente o caminho que escolhi
um caminho solitário porem alegre
D'queles que escolheram fazer assim
A luz do sol queima minha nuca
uma sombra se projeta pelo solo
vejo nela um passado bem presente
desejava que tudo fosse simples
A luz do sol se esvai em raios fúteis
uma sombra gigante se apaga
me into livre
finalmente
na noite
que se propaga.
 
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